quinta-feira, 23 de junho de 2011

O teólogo crítico do Vaticano Hans Küng


7/5/2010
''Não se pode condenar os padres e a Igreja como um todo'', afirma Hans Küng
O teólogo crítico do Vaticano Hans Küng alertou contra condenações da Igreja e de seus padres "como um todo" na atual tempestade das acusações de abusos sexuais.

"Seria uma péssima generalização colocar todo o clero e toda a Igreja Católica sob suspeita", disse o padre católico em entrevista à revista The European, deBerlim, publicada no dia 27 de abril.

A reportagem é do sítio da revistaInsights, da Uniting Church in Australia, 04-05-2010. A tradução é deMoisés Sbardelotto.

Küng também disse concordar com o Papa Bento XVI em alguns pontos chaves. O teólogo suíço de 83 anos concedeu a entrevista duas semanas depois de ter criticado o Papa em uma "carta aberta" aos bispos católicos do mundo inteiro, em que disse que o papado de Bento XVI havia "fracassado".

Na carta, Küng disse que havia um "sistema de ocultamento posto em prática em todo o mundo" com relação aos casos de crimes sexuais cometidos pelo clero, sistema praticado, segundo Küng, pela Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, que foi presidida pelo cardeal Joseph Ratzinger antes de se tornar o Papa Bento XVI em 2005.

Porém, nesta entrevista à The EuropeanKüng descreve como um "completo absurdo" as afirmações de que o atual Papa é o "pior de todos os séculos".

"Ao longo dos seus cinco anos, esse pontificado viu muitas crises, assim como muitas chances perdidas, acima de tudo em sua relação com as Igrejas Protestantes", disseKüng. O teólogo acrescentou que, no entanto, "ainda precisamos de um ministério petrino [papal], que sirva à unidade dos cristãos, mas não precisamos de um papado romano, da forma como ele surgiu no século XI".

Küng, cujas obras incluem "Infalível?", que questionou a autoridade papal, atuou como conselheiro especialista no Concílio Vaticano II, de 1962-1965, que introduziu reformas na vida da Igreja Católica. Ele também lecionou junto com Ratzinger naUniversidade de Tübingen na década de 60. Em 1979, sua licença para lecionar teologia católica foi removida pelo Vaticano, depois de ter sido determinado que ele não poderia mais ser considerado um "teólogo católico".

Em sua entrevista, Küng disse acreditar que o Papa desperdiçou uma oportunidade de consolidar as relações com judeus e muçulmanos, mas acrescentou que seria "totalmente inadmissível" comparar Bento XVI com papas "imorais e criminosos" da história.

"O Papa e eu concordamos ao menos sobre a relação entre fé e ciência, sobre a necessidade de diálogo entre as religiões e a necessidade de uma ética mundial. Mas, infelizmente, minhas esperanças de reformas não foram cumpridas", disse Küng.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32154

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por que não deixar um comentário?