quarta-feira, 23 de junho de 2010

Não matar


Esse presente trabalho consiste em refletir a partir de um dos mandamentos. Trabalho que vai ser feito em dois momentos:


1) Numa entrevista colocando a pergunta: dos dez mandamentos, qual o mais importante para você? Por quê? O que você entende?


2) Uma análise crítico-reflexiva a partir dos dados recolhidos daquela pessoa.


Ao ler e analisar cuidadosamente esse livrinho escrito pelo Carlos Mesters, a primeira coisa que a gente descobriu é que se trata de uma reflexão feita sobre os mandamentos que estão na Bíblia, refletindo sobre o verdadeiro sentido desses mandamentos. Antes de qualquer coisa, os dez mandamentos podem ser considerados como uma forma de constituição do povo Eleito (Israel), no sentido que eles podem ajudar o povo a organizar melhor sua vida. Podemos perceber que cada mandamento quer combater uma das causas que fazia o povo sofrer na opressão do Egito, e quer mostrar o que o povo deve fazer para manter-se verdadeiramente livre. Então, os dez mandamentos são mencionados duas vezes no Antigo Testamento: Êxodo 20: 2-17 e Deuteronômio 5, 6-21. Segundo o autor, a finalidade desses mandamentos é promover a vida com dignidade.


Essa pessoa com quem foi a nossa conversa, é um senhor chamado Antônio que atua na área bíblica numa comunidade situada no Grajaú. As perguntas lhe foram feitas, tentando me levar a uma boa síntese do tema. As falas dele, a respeito da pergunta, são as seguintes: os dez mandamentos determinam a conduta moral do homem com Deus; a relação do homem na sociedade com o outro, seu semelhante. Sem os quais, talvez, seria impossível a existência de qualquer sociedade. Eles aparecem como “Instituição” na humanidade; possuem um plano bem definido. Os quatro primeiros falam sobre as obrigações do ser humano em relação com Deus; os cinco determinam as relações entre as pessoas. E o último se refere à pureza. Disse ele, o centro e o mais importante dos dez mandamentos é o “não matar”. Por quê? Respeito à vida; porque é Deus só o Dono da vida. A vida humana deve ser respeitada; é algo sagrada. Interessante, quando ele me falou que a história de Israel é uma história vermelha; quer dizer marcada pelo sangue do ser humano pelo ser humano de diferentes tipos de massacres e de violências. Assim, disse ele, o centro e o mais importante dos mandamentos, pode ser visto o “não matar”, como um começo de vida do ser humano em sociedade por um mundo de paz e de amor. Ele conclui assim: tudo aconteceu com Moisés como mediador, o escolhido por Deus para comunicar com o seu povo. Quer dizer, foi por ele que Javé nos comunicou tudo isso.


Uma análise crítico-reflexiva a partir daquilo que falava o Antônio


Analisando os dez mandamentos no conjunto, podemos dizer que eles são Leis divinas para a conduta da humanidade, resumindo em: em fazer isto e evitar aquilo. Esse mandamento que é a questão aqui está muito preocupado com a preservação da vida humana e se apresenta como ferramenta em defesa da vida; no sentido que todo ser humano tem direito à vida, e vida em abundância. Esse mandamento leva em conta a própria realidade do nosso continente de hoje no qual nós encontramos juntos com o povo sofredor de todo tipo de sofrimento, onde tem um grande desrespeito pela vida humana. Assim, podemos descobrir claramente que esse mandamento foi dado para ajudar o povo a viver melhor, a construir uma sociedade ou mundo mais justo, baseado no amor e na misericórdia. Analisando o nosso continente, podemos visualizar com maior facilidade uma falta de respeito pela vida. Não só no nosso continente; isso é no mundo inteiro. Infelizmente muitas leis que existem hoje não estão se preocupando a promover a vida senão favorecendo a sua destruição. O valor da vida está cada vez mais diminuindo, a cada dia. Hoje, no nosso ver, não podemos entender esse mandamento “não matar” somente como tirar a vida física de alguém. A situação na qual se encontra o mundo, especialmente o nosso continente, está cheio de crises, tensões sociais, políticas, religiosas, econômicas e desigualdade em todos os níveis. É um mundo cheio de injustiças, exploração onde bastante gente está vivendo numa miséria e pobreza incríveis. São situações sem dúvida alguma que se apresentam como sinais vivos da morte.


Também, como podemos perceber muitos dirigentes de governos e outras instituições públicas, estão apegados com a lei duma forma cega, que faz com que o valor fundamental que é a vida seja esquecido. Vendo o comportamento de tantos dirigentes no uso da lei diante da vida, podemos dizer que são poucos aqueles que manifestam interesses para proteger a vida humana de verdade.


Outros casos também podem ser entendidos a “matar”, tais como: o aborto, homicídio, o suicídio, guerra, eutanásia, pena de morte etc. Não matarás significa não assassinarás, não cometerás homicídio ou assassinatos. É uma proibição contra a supressão da vida humana em qualquer circunstância. Podemos ver isso com o assassinato de Abel pelo se irmão Caim, no livro de Gênesis para mostrar como esta exigência moral de respeitar a vida dos outros faz parte integrante das mais antigas tradições culturais da humanidade. Sempre o homem atenta contra a vida de outro ser humano por questões de interesses.


Hoje em dia, na nossa sociedade, é o mesmo que está acontecendo. A história da humanidade é atravessada por essa dialética dramática em que a convivência entre os seres humanos tanto se pode exprimir na alegria da inter-ajuda e da fraternidade como cair na violência em que um homem mata o seu semelhante para roubar dinheiro, ou seja, lhe mata pelo prazer. Acontecem tantas mortes que nos deixam tristes, perguntando: Quem é o culpado? Onde está Deus? Tantas armas perigosas fabricadas pelo ser humano para confrontar o seu semelhante. Porque na nossa sociedade a pena de morte, o suicídio, destruição voluntária da vida do ser humano, a produção e o comercio de tantas armas? Qual é a finalidade: A finalidade, todo mundo já sabe: é para vender, é para matar, é para se proteger contra o inimigo. Com a questão do aborto, as mulheres são, na sua maioria, vítimas dos homens que não se responsabilizam pela vida que geram, ou da ignorância se não saber proteger-se da gravidez indesejada. Na nossa sociedade, tantos milhões de abortos por ano. Por ser considerado crime, exceto em caso de perigo de vida para a mãe e de estupro, a interrupção da gravidez está sendo jogada para a clandestinidade, onde costuma acontecer sem os devidos cuidados médicos. Muitas mulheres morrem em conseqüência de intervenção inadequadas realizadas por pessoas despreparadas. Outros sofrem seqüelas da vida para o resto da vida. Pois bem, tudo isso se refere a “não matarás”.


Tudo isso não é matar? Não é tirar a vida de um ser? Não matar, está certo. Isto quer dizer, tu não deves matar ou tirar a vida do outro. A reação de Bush que mandou os seus soldados no Iraque. Então, não matar poderia ser entendido como não “matar” membros do meu clã? É isso? Um fato que foi um grande escândalo tanto para a Igreja como para outras instituições, o caso da menina de 9 anos que foi estuprada e ficou engravidada. Para o bispo daquele estado, era um escândalo e até excomungou o médico e a mãe daquela menina. Como disse aquele médico: o bispo não teve compaixão para com a menina. Não estou razão ao médico. A igreja sempre defende a vida. A vida é dom de Deus, ninguém pode tirá-la. No meu entender, está certa a resposta do médico ao bispo. E até também aquele bispo foi muito criticado pela própria Igreja: principalmente por alguns bispos e padres de outros países. Nesse sentido, não se trata de “matar”; mas se trata de “salvar” uma vida.


Diante dessa realidade desafiadora de hoje, nós como religiosos, como educadores do povo, temos um grande trabalho para realizar nos lugares onde estamos prestando serviço pastorais. Devemos começar a educar o povo, tanto com as nossas palavras e ainda mais com as nossas ações proféticas, a entender e descobrir o que significa vida, ensinando-o a valorizá-la comprometendo-se consigo mesmo e com outros; assim podemos ter certeza de que estamos formando gente que sabe valorizar, respeitar e defender a vida. Precisamos ajudar as pessoas a tomar consciência de que todos nós somos protagonistas da nossa própria vida. Para concluir, nós podemos dizer que não há um mandamento mais importante que os outros. Todos são importantes. É um ponto de vista de cada um. Tem pessoas que dizem o mais importante dos mandamentos é o “amar a Deus sobre todas as coisas”. Outros dizem que os mandamentos se entrelacem. O que quer dizer podemos achar um no outro. Assim, quem ama a Deus, não mata. E quem mata, não ama a Deus.

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