terça-feira, 23 de março de 2010

Opressão e Resistência/ Autonomia e Heteronomia

                                 DEUS CRIADOR DO MUNDO
                                     UM DEUS COMPASSIVO

                                            A TEORIA DO  EVOLUCIONISMO

                               OPRESSÃO E RESISTẾNCIA




OPRESSÃO

                                                                   RESISTẾNCIA

TRIPLA OPRESSÃO: POR SER MULHER, POR SER POBRE E POR SER NEGRA


PÃO DO DIA, PAZ E JUSTIÇA PARA TODOS = PAZ DUAS VEZES PAZ


OPRESSÃO E RESISTẾNCIA; HETERONOMIA E AUTONOMIA


INTRODUÇÃO

       Homem, único ser dotado de inteligência; com a sua inteligência, procura entender e fazer perguntas sobre o sentido da sua existência. Perguntas tais como: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? Qual é o sentido da minha vida? Para explicar a sua existência, recorre a duas propostas ou teorias: a teoria do criacionismo e a do evolucionismo.
Criacionismo é a teoria que estabelece uma ligação entre Deus, Criador do mundo, e as variadas explicações criadas pelo homem para justificar os fenômenos e os complexos enigmas existentes. Quanto a evolucionismo, o homem e toda a terra seriam o resultado de longo processo de evolução. São dois temas que abrem caminho a grandes discursões telógicas e biológicas (Aqui nesse pequeno escrito, não é nosso trabalho abrir esse grande jogo). Por outro lado, esse mesmo ser, insatisfeito de seu condicionamento, a necessidade o leva a tudo. Tais como: a conquista de terra, a escravizar os seus semelhantes, impondo normas, a matar, a caminhar para outra terra e enfim a fazer uma experiência de um Ser Absoluto.
Partindo desses dados, nós queremos dialogar ou refletir com o tema: heteronomia e autonomia a partir da disciplina “antropologia teológica”. Faremos isso também em relação com outra disciplina: história da Igreja na América Latina e no Caribe. A moral vai ser inserida também dialogando com os temas que vão ser desenvolvidos dentro do nosso estudo. Nesse diálogo, vamos tentar mostrar a questão da “opressão e resistência”. Eis aqui o eixo do nosso trabalho.
O nosso trabalho vai ser feito de maneira seguinte:
Primeiro, abordaremos os temas: opressão e resistência
Segundo, uma pequena análise da história do povo de Israel
Terceiro, uma pequena análise da história do povo latino americano e caribenho
Quarta parte, tentaremo entender: heteronomia e autonomia e faremos uma atuallização dos temas para hoje.
Por fim, terminaremos com uma pequena conclusão

DESENVOLVIMENTO
       Opressão e resistência são temas que soam desde no passado até hoje nos nossos ouvidos. São dois temas criados pelo homem e impostos pelo homem para o homem. Assim, poderíamos perceber uma relação entre a “antropologia” e a “história”. No sentido antropológico, é possível afirmar que o ser humano é um ser aberto, um ser chamado a viver com outros; mas a pesar disso, esse ser oprime o outro, seu semelhante. A antropologia ajuda a entender essas relações entre as sociedades organizadas, de acordo com o tempo e o espaço, relações estas que se transformam e variam. Abordando os temas, existem várias maneiras de resitência e de opressão. Eis alguns exemplos de resistência que os escravos praticavam: fuga, assassinato, passividade no trabalho e rebeldia etc. Outro exemplo de resistência aconteceu quando os europeus invadiram as Américas e o Caribe, trouxeram os missionários a fim de impor um modo de viver diferente ao índio que, acostumado a ser livre, não aceitou as correntes da escravidão. A resistência dos indígenas acontecia pela fuga dos aldeamentos missionários e de outros tipos de cativeiro. Ao longo do nosso trabalho, vamos tentar deixar bem claro.
       Entender e compreender os temas: resistência e opressão. A resistência, de maneira geral, é a ação de opor-se à uma força física ou moral. O sentido do tema varia e se aplica depende do domínio. Por exemplo: resistência em física, em biologia, em Mecânica, em Esporte, em Direito, em Psicanálise ect. O uso da palavra aqui designa: combates contra invasores, ocupantes ou um regime indesejável. Quanto à opressão, é o mau tratamento sistemático de um grupo social com apoio das estruturas da sociedade opressiva. Eis aqui alguns exemplos de opressão: imperialismo cultural, racismo, exploração, marginalização, injustiça, sexismo etc.
       Observando a história do povo de Israel, podemos ter a mesma percepção.Toda a história desse povo, no Antigo Testamento, está marcada pela opressão e pela resistência. Uma história que mostra, a pesar de tudo, um povo à procura o verdadeiro sentido da sua vida, Deus. O povo vivia muitos momentos cruéis, difíceis e horríveis nestes três períodos da sua história: o tribalismo, a monarquia, a divisão dos reinos, exílios, pós-exílicos...Uma das histórias marcantes é a escravidão no Egito imposto pelo Faraó. O agir de Deus como o fim de levantar um líder para libertar esse povo. O processo usado por Deus para fazer de Moisés líder e libertador do povo. E uma segunda experiência, Deus para ensinar duras lições ao seu povo, enviou de novo o povo para Babilônia, a terra do cativeiro (2 Rs 25). Convidamos o leitor desse pequeno escrito a uma leitura do livro “Ếxodo” como chave principal para poder entender a escravidão do povo de Israel no Egito. Após a história desse povo, podemos perceber uma grande marca marcante dos povos das Américas e do Caribe.
       A história da opressão e resistência não pára, ela continua. A chegada dos colonizadores mudou o ambiente. O senhor branco chegou com a finalidade de explorar, de escravizar, de roubar, de maltratar e de impor novos valores, etc. Assim, a América Latina constitui o espaço histórico em que se dá o encontro ou espaço de três universos culturais: o indígena, o branco e o africano. Aí, se dá ao mesmo tempo uma convergência de maneiras diferentes de ver o mundo, o homem e Deus.
Lendo e relendo a história da invasão dos europeus nas Américas e no Caribe, na verdade, não houve um encontro com o indígena e os africano, neste continente que se tornou afro-ameríndio. Teve, sim, um desencontro; pois o cristão chegou com a intenção de constituir o outro com “ente-explorável”; imobilizou-o, desarmou-o, desapropriou-o de seus reinos, terras, riquezas, religiões, identidade.
No Haiti depois da rápida extinção da população indígena, o tráfico de escravos negros começou já em 1503. Depois de tanta opressão, o povo haitiano fez a maior e a primeira revolta negra da humanidade contra a escravidão e a dominação dos franceses. Assim, em 1804, os próprios escravos do país aboliram a escravatura vencendo os franceses; instauraram o primeiro país negro independente da humanidade. É um país qui viveu e continua vivendo muitos conflitos políticos, golpes de estados e invasões de outros países. Apesar de tudo, o povo continua lutando e resistindo. Recentemente, heroicamente foi eleito um padre católico, Jean Bertrand Aristide, contra ditadura de Jean Claude Duvalier. Um golpe o tirou do poder e foi para exílio. Então entre derrotas e vitórias, o povo haitiano continua sua resistência e opressão impostas pela comunidade international e pelos próprios filhos do Haiti.
       Os gritos pela liberdade continuam até hoje, dos mais oprimidos, como antecipação teimosa de uma libertação mais radical, que atinja também o político e o social, o econômico e o ideológico. Por outro lado, podemos perceber também, a questão da opressão não foi só para o homem negro; também para a mulher; em geral para a mulher negra e indígena em particular.
       A mulher negra vive uma tríplice dominação. Primeiro, por ser mulher; segundo, por ser negra; terceiro, por ser pobre. E assim, ela foi escrava, aparelho de reprodutora, objeto de prazer dos senhores; explorada nos trabalhos domésticos, agrícolas e artesanais. A mulher indígena acabou ficando com o peso do trabalho agrícola, no sistema colonial. O regime colocou as mulheres indígenas na casa grande como domésticas e reprodutoras pelos portugueses. E a mulher branca?
       Antes de tudo, os colonizadores trouxeram no continente um catolicismo patriarcalista opressor, com a inquisição. Primeiro, a mulher era vista como “tentação”, só tinha duas opções: ser santa (mãe e esposa fiel, servidora e obediente ao marido, melhor ainda se fosse freira). Segundo, ou ser condição de ser causa da perdição (prostituta, feitiçeira, danada possuída pelo diabo, objeto de prazer do homem). Pois bem! Apesar de oprimirem as mulheres negras; podemos perceber as brancas foram também oprimidas. Geralmente, olhando a sociedade, as mulheres sofrem muitos abusos físicos, discriminação, violências etc. Quem é responsável de tudo isso, é a sociedade patriarcal? Quem se faz voz daquelas mulheres? É a Lei? Bom, basta, não queremos depassar o limite do nosso trabalho.
       Lembrando algumas palavras do Papa, Santidade Bento XVI, analisando a importância da dimensão feminina na Igreja e na sociedade. A 9 de Fevereiro de 2008, assinalando o 20.º aniversário da publicação da carta apostólica “Mulieris Dignitatem”, de João Paulo II, o actual Papa condenava “uma mentalidade machista que ignora a novidade do cristianismo, o qual reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”. A Santidade Bento XVI relatou: “Existem lugares e culturas em que a mulher é discriminada ou subestimada unicamente pelo facto de ser mulher, onde se faz recurso até a argumentos religiosos e a pressões familiares, sociais e culturais para sustentar a desigualdade dos sexos, onde se perpetram actos de violência contra a mulher, tornando-a objecto de atrocidades e de exploração na publicidade e na indústria do consumo e da diversão”. A Santidade relatou: a busca de uma outra cultura que valoriza ou reconhece à mulher; “no direito e na realidade dos fatos, a dignidade que lhe compete” (a mulher).
       Referindo-nos a Hobbes, em sua obra “Leviatã”, explica que o homem vive em “estado de natureza”: estado primitivo de desordem, onde o homem se deixava dominado pelo instinto e pela paixão. Numa tal condição, o homem como uma ameaça aos outros homens. Na perspectiva de Hobbes, o estado de natureza, é o estado de guerra, porque todos os homens se sentem poderosos e temidos. Essa situação faz que os homens se reunam à procura ou em busca de “proteção”. Essa proteção é um “Contrato Social” (pacto de submissão), dependendo da vontade do homem e consiste numa transferência de direitos. Daí se percebe muitos elementos, tais como: Normas jurídicas, direitos, deveres etc. Claro que sim, a sociedade precisa de normas jurídicas para disciplinar e organizar o comportamento de seus integrantes. Com isso, podemos chegar a dizer, todo tipo de sociedade para o seu bom funcionamento precisa de normas, regras, valores, ordens etc...Isso é bom e ao mesmo tempo é meio mau. Ás vezes aquelas normas se apresentam como algo que oprime o povo. Essa ordem é boa, mas o problema é o jeito que ela é aplicada. Sempre numa instituição, podemos perceber normas que nos dizem: faz isto, evita aquilo. Aí, tocamos o que podemos chamar “valor”.
O que é valor?
       Sinteticamente, “valor” é tudo aquilo que fazemos valer. Quem faz valer, é o governo, e as instituições; ou seja, é aquele que tem poder político e econômico. Sendo conscientes da nossa sociedade, quem faz valer, é a ideologia do poder. “Valor”, pode ser visto como uma imposição? Aí, vale a pena desde já, entrarmos com os nossos dois temas: heteronomia e autonomia. Nós queremos pedir um pouco de paciência ao leitor até chegarmos aos temas.
       Nós podemos nos perguntar: a escravidão que foi colocada pelos europeus contra os negros e indígenas, era vista como um valor, se aceitamos a definição de “valor” como já dissemos. É um valor ou não? Entrar num país e destrui-lo com bombas é um valor? Fazer valer o “Mal” é um valor? A questão da menina de 9 anos que ficou grávida e logo fez aborto, é um Mal ou um Bem? O médico merece ser excomungado? Agora, uma outra pergunta poderia ser levantada; é a seguinte: entre a Lei e a minha Vida, qual vale mais? A vida, a Lei?
       Aqui nós estamos em frente de dois temas bem interessantes: valor e norma. O problema da nossa sociedade, não é o “valor colocado” mas é a “norma colocada”, que às vezes se torna um elemento “opressor”. Até aqui estamos fazendo uma reflexão ética bem concreta. Ética = ação humana; normas de convivência. Sem elas, o grupo não se faz. O valor ético condiciona a pessoa na sua realização. Aí, o que dá sentido a uma norma, é o valor. Eis aqui alguns valores: valor econômico, valor religioso, valor social, valor artístico, valor político etc.

HETERONÍMIA E AUTONOMIA
       Antes de tudo, gostaria de abrir o caminho para esses dois temas mencionados através de uma das obras de Martin Claret, editor e jornalista brasileiro. Na sua obra intitulada “a essência da sabedoria dos grandes gênios de todos os tempos”, coleção pensamentos de sabedoria; ele relata que “somos criaturas programáveis” (p.5); esse mesmo autor se refere a uma afirmação de cientistas, de antropólogos, de psicólogos e educadores repetindo: o ser humano é uma criatura culturalmente programada e programável.
Isso significa, sem dúvida, que o homem é “hardware e software”. Dando-nos conta sobre o que é hardware e software; o hardware é a parte física do computador, ou seja, é o conjunto de componentes eletrônicos, circuitos integrados e placas, que se comunicam através de barramentos. Em complemento ao hardware, o software é a parte lógica, ou seja, o conjunto de instruções e dados processado pelos circuitos eletrônicos do hardware. Continua dizendo o autor: o nosso cérebro e o nosso sistema nervoso é o nosso hardware (a máquina) é mais ou menos igual em todas as pessoas. A grande diferença que faz a diferença é o que está gravado no cérebro, isto é, o nosso software (o programa).
       O autor, explicando de uma maneira mais simples, chega a três tipos de programação: a programação genética (o instinto); a programação sócio-cultural (família, amigos, escola, trabalho, cinema, etc.); e a auto-programação ou a programação feita por você em você mesmo.
       Concluindo esse caminho que dá, talvez, para entendermos os temas (Eu escolhi o pensamento do autor como auxílio aos temas): heteronomia e autonomia, o autor coloca o seguinte: Na primeira programação você não tem nenhum controle; na segunda, tem controle parcial; e na terceira programação você tem controle total. Pois bem! Vamos agora tomar os nossos dois temas: heteronomia e autonomia.
       Heteronomia, do grego heteros (diversos) e nomos (regras). Essa palavra foi criada pelo Kant, significando: as leis que recebemos. É um conceito básico relacionado ao Estado de Direito, em que todos devem se submeter à vontade da lei. A heteronomia significa que a sujeição às normas jurídicas não está dependente do livre arbítrio de quem a elas está sujeito, mas, pelo contrário, se verifica uma imposição exterior de que decorre da sua natureza obrigatória. A heteronomia é, assim, uma característica da ordem jurídica, por contraposição à autonomia, com significado oposto (Fonte: Introdução ao direito para as ciências sociais. Universidade Técnica de Lisboa - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas).
       Autonomia do grego, autos (por si só) e nomós qui significa (lei) e ao mesmo tempo (território). Em ciência política, significa a qualidade de um território ou organização de estabelecer com liberdade suas próprias leis ou normas. Ao contrário de autonomia, consiste no sujeição do indivíduo à vontade de uma coletividade (liberdade). Ou seja, propriedade pela qual o homem pretende poder escolher as leis que regem sua conduta (Dicionário Aurélio). Podemos levar em conta que se trata de dois temas problemáticos: agir por si e agir pelos demais. Agir por si é a sua liberdade e agir pelos demais, uma imposição que vem do exterior como obrigação de viver. Do ponto de vista filosófico, “autonomia” indica a condição de uma pessoa ou de uma coletividade, capaz de determinar por ela mesma a lei à qual se submeter. Seu antônimo é “heteronomia” (Lalande: 1972).
       A Autonomia, na história, estava sempre em conflito com a Heteronomia, principalmente com a sua expressão paternalista; quer dizer, à forma de resolver os problemas de autoridade, poder, obediência e liberdade através dos meios tradicionais na estrutura familiar patriarcal, na qual aquele que tem poder decide e faz todas as escolhas. Era o homem (tradição partriacal). Hoje em dia, o feminismo (contra o machismo), as mulheres estão reclamando ou manifestando os seus direitos a respeito disso. Algo muito bem claro e merecido.
       Nós queremos deixar bem claro ao leitor que nesse pequeno escrito, não se trata de uma análise dos temas na profundade, mas mostrar mais ou menos alguns significados para esclarecer o nosso trabalho. Heteronomia e autonomia, os encontramos em qualquer instituição; e se aplicam depende do domínio (heteronomia e autonomia na filosofia, na sociologia, na antropologia, na moral, na medicina, no trabalho...). Dentro desse dois temas, queremos levar em comum um tema; é a questão da liberdade. O que é liberdade? O que é ser livre?
       O tema liberdade é um tema muito discutido e muito amplo que compreende a filosofia antiga, contemporânea, a política, o Direito, a Prensa, a Sociologia etc. Delimitando, por exemplo, a “liberdade jurídica”; ainda é um tema muito amplo. O que quer dizer dentro dele, se percebe muitos outros temas. Por exemplo: "A liberdade de agir no sistema jurídico brasileiro", "A liberdade de agir do cidadão na Constituição brasileira de 1988".
       Em filosofia, liberdade designa de uma maneira negativa, a ausência de submissão, de servidão e de determinação, isto é, ela qualifica a independência do ser humano. De maneira positiva, liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Isto é, ela qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários (http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade). Para Kant, ser livre é ser autônomo: dar a si mesmo regras e você segue essas regras racionalmente. Com Kant a liberdade que o homem deve aproveitar, diz a repeito à vontade. Essa vontade não deve ser bloqueada por nenhum tipo de heteronomia. Uma sociedade onde muitas pessoas andam amarradas e preocupadas com tantas leis e regras; será que é isso que é a liberdade? Muitas pessoas morrem de fome; ela nao têm direito ou liberdade de comer, morrendo de fome? Muitas pessoas desempregadas; elas não têm direito ao trabalho? Pois bem, toda a vida humana é marcada por resistência.
Depois de ter refletido sobre esses temas, como podemos atualizá-los?
       Deus criou o ser humano para ser livre. Essa liberdade, não é fazer o que se quer. Mas uma liberdade que tem a ver com “responsabilidade” no universo. Esse memso ser, como já vimos acima com a questão da heteronomia, coloca a sua própria “imposição”, quer dizer as suas próprias regras, normas e os seus valores para oprimir o seu semelhante. Nesse sentido, podemos relacionar liberdade junto imposição como dois temas que andam contrariamente onde cada um deles tem seu próprio caminho. É isso que podemos constatar hoje na nossa sociedade, tantas imposições. Isso acontece mais frequentemente nas religiões e nas grandes instituições, na política, no sistema capitalista etc.
       O caminho da liberdade é muito difícil, muito doloroso, um trágico caminho. Será que o homem tem força para seguir a liberdade, respondendo a todas as leis e normas colocadas pelo seu semelhante? O homem quer ser feliz e livre. Assim, ele se carregue de um dilema: liberdade ou felicidade. Liberdade com sofrimento ou felicidade sem liberdade. E a maioria dos homens prefere este caminho, disse Berdiaeff (BERDIAEFF, Nicolas. El Credo de Dostoievsky). De acordo com esse grande pensador, todo mundo quer ser feliz e livre; mas difícil alcançar os dois. A maioria prefere o caminho da felicidade (bem-estar, satisfação e paz interior; contrário de tristeza). Notamos aí uma grande tensão entre essa noção da existência de uma ordem (ou lei) natural e a pretensão da liberdade humana de ser independente e agir por vontade própria, o que inclui a possibilidade de questionar essa “ordem” estabelecida. Isso é um dilema; e dentro desse dilema, temos que escolher ou optar. Aí tocamos aquilo que poderíamos chamar “consciência moral libertadora”. Tudo isso traduz opressão e resistência.
       Diante desses fatos, podemos perceber como viver numa instituição é difícil, você é limitado. Assim, podemos ver que o ser humano é um ser limitado no espaço da sua escolha; no sentido por ter amarrado de tantas leis indicando: faz isto e evita aquilo. Aí, eu perco a minha autonomia e faço a vontade da heteronomia. Aqui se percebe que a questão da liberdade é eliminada por questões de ordem e normas. É isso que podemos perceber na política, no poder econômico, nas religiões e em outras instituições.
       Por outro lado, assim como nas religiões, as ideologias também podem determinar nos indivíduos que as adotam. A heteronomia imposta pela sociedade de consumo cuja sua principal arma para isso é a propaganda. Eu nao sei se o leitor vai concordar comigo: somos seres autônomos; mas uma autonomia controlada pela heteronomia. O que quer dizer, a minha vontade é controlada pela Lei. Porém, quando se trata de escolher, aí me torno um ser livre dentro da minha escolha. Hoje em dia na nossa sociedade, fazemos coisas sem a nossa própria vontade; Há um chefão que passa e anota e cobra. Você que não quer perder o seu trabalhinho (empreguinho), você fecha os olhos aceitando todo. Um outro exemplo, a questão de “pena de morte”. Quem queria ser morto desse tipo assim? Essa ordem colocada é um bem? Então é um bem matar uma pessoa desse jeito: “pena de morte”.
       O homem nasceu da sociedade e a organiza colocando regra, normas, leis e ordem pelo respeito de cada um de seus integrandes. Se uma pessoa disser vou fazer ou que quiser: não respeitar o horário de trabalho, o horário de estarmos juntos, andar de carro pelas ruas desobedecendo aos sinais, agredir os outros etc. Com certeza aquela pessoa estará cometindo desordem; algo que não tem nada a ver com liberdade. Assim, o homem se torna um grande criador e organizador da sociedade.
       No fim das contas da nossa reflexão, a vida humana é uma vida carregada consiste em fazer isto e evitar aquilo. A liberdade do ser humano está situada entre muitos condicionamentos. Interessante, um ser que nasce livre e o outro seu semelhante reduz essa liberdade em busca de ser agente ou mestre. Nesse sentido, o homem não é “regulador de sua própria existência. Por outro lado, pode ser que ele seja o seu próprio“regulador”, no sentido da sua opção. Em toda essa reflexão, tentamos mostrar, sem fazer uma grande análise, a questão da opressão e resistência e a questão da heteronomia e autonomia através da disciplina da teologia antropológica. Então, se percebe onde que há opressão, existe também resistência. Uma não anda sem a outra; andam de mãos dadas.
       Terminando a nossa reflexão, podemos perceber que a nossa sociedade está marcada muito forte com a questão da opressão e resistência. E também, se percebe que a heteronomia e autonomia estão ligadas. Cada uma tem um determinado tipo de relação interpessoal e de respeito. A primeira que predomina o uso da coação pela autoridade; e a segunda tem a relação com a si mesmo, dominada pela primeira.
       Por outro lado, essa questão de liberdade na teologia paulina afirma o grande teológo uruguaio, Juan Luis Segundo: Paulo não está dizendo que o cristão, dono da casa do universo, utilize sua liberdade de forma anômica para fazer o que quer ou, que é pior, o que quer para satisfazer seus desejos e caprichos, paixões e desejos (cf Gl 5:1;4: 13; I co 6: 12). Tendo “filhos de Deus” por sua condição de irmão de Jesus – o Filho único -, seu “espírito de filho” levo-a ser criador na linha do Pai. Deus criou nas mãos de seus filhos seu “campo de plantio” ou se edifício em construçaõ (cf. I Co 3:9), cujos limites são o mundo, a continuação da criação do Pai criador, como cooperadores dela (Segundo, Juan Luis. O caso de Mateus. Os primórdios de uma ética judica-cristã, p.49).

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